sábado, 11 de maio de 2013

O tráfico de órgãos: em meio às denúncias de participação de membros da IDF no mercado negro de vísceras e tecidos humanos, o Estado de Israel prefere a desconversa regada a chantagem emocional à investigação das denúncias


É certo que o jornal sueco Aftonbladet não é conhecido exatamente por um histórico de impecável confiabilidade. No entanto, dada a gravidade da denúncia de prática de tráfico de órgãos por parte de elementos da IDF (as Forças Armadas de Israel), seria interessante que o governo israelense tratasse de investigar o alegado homicídio com finalidade de coleta de órgãos perpetrado contra Bilal Ahmed Ghanem em 1992. Em vez disso, o Primeiro Ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, prefere dizer que as acusações do jornal nada mais seriam que reedições contemporâneas dos (indevidamente) desacreditados libelos de sangue, e ainda chamou às falas o governo sueco, atribuindo a este responsabilidade na difusão da denúncia ao não coibi-la - como se fosse coerente que um governo liberal-democrático representativo aplicasse censura a seus veículos de comunicação. Não bastasse a temerária tentativa de criar um incidente diplomático com a Suécia  imputando-lhe colaboração com a disseminação de uma acusação supostamente caluniosa ao Estado e ao povo judaicos, o premiê Netanyahu ainda atribuiu a alegada colaboração sueca na difamação de Israel e dos judeus a um mal curado saudosismo dos tempos de discreta e informal parceria com Hitler na perseguição aos judeus.

Fica a pergunta: por que Netanyahu preferiria assumir o ônus de desacatar o governo sueco a dizer simplesmente que desconhece qualquer episódio de envolvimento da IDF com tráfico de órgãos, e que estaria aberto a apurar com rigor eventuais responsabilidades se porventura houvesse indícios sólidos de ocorrência do crime entre as fileiras das Forças Armadas israelenses?

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No estado norte-americano de Nova Jersey, uma quadrilha de tráfico de órgãos foi desmantelada. Entre os integrantes, políticos, funcionários públicos e ... cinco rabinos ortodoxos sírios.

Obstetras judeus são campeões em oferecerem e/ou serem solicitados quanto a serviços de aborto


Rita Levi-Montalcini: médica abortista italiana de origem judia, ganhadora do Nobel

Segundo artigo científico publicado em 2011 no periódico especializado Obstetrics and Gynecology, 40,2% dos obstetras judeus  afirmam já terem sido solicitados a fazer abortos, ou pior, alegaram por conta própria oferecê-los aos pacientes. Com tais números, os adeptos do judaísmo de longe formam o segmento da população avaliada mais propenso a ter uma atitude permissiva no tocante ao homicídio intrauterino voluntário. Resta saber se os obstetras judeus são indistintamente solícitos em oferecer serviços de aborto a seu pacientes de origem judaica e gentílica, ou se são escrupulosos em ofertá-los aos irmãos de crença, atendendo literalmente a reclames e ensinamentos do Talmud como os que seguem:

”O judeus são considerados seres humanos, porém os não-judeus não são humanos, são animais”. (Talmud: Baba mezia, 114 b)


 ” O Akum (o não-judeu) é igual um cachorro. Sim, a escritura manda honrar mais o cachorro do que ao não-judeu”. (Ereget Rashid Erod, 22-30)


 “Uma grávida gentílica nada mais é do que um animal grávido”. (Tosapoth, Jebamoth 94b)


 “É da lei matar qualquer um que negue a Torá, e os cristãos estão entre os que negam a Torá”. (Coschen Hamischpat 425, Hagah 425,5)





sexta-feira, 10 de maio de 2013

De Maria Santíssima, Mãe de Deus e Advogada nossa (III)


A Santíssima Mãe de Deus, a Bem Aventurada Virgem Maria, sempre assiste com sua incomparável intercessão à Igreja nas pelejas desta contra os inimigos da Cruz que o Maligno volta e meia arregimenta em sedições religiosas e políticas. Não foi diferente quando da falsa reforma dos heresiarcas protestantes, a qual instrumentalizou as ambições expansionistas de países como a Holanda para tentar aniquilar a influência católica disseminada por força dos empreendimentos navais de Portugal e Espanha no mundo todo. Os hereges batavos bem o experimentaram nas suas tentativas de subtrair o Nordeste brasileiro ao redil católico:



"Na batalha de Tabocas, aparece, distribuindo cartuchos, formosíssima mulher, trajando de branco e azul, trazendo nos braços um menino e junto a si um ancião. Acreditam os soldados que era Nossa Senhora, cujo nome invocavam no meio do conflito, cantando a Salve Rainha, e Santo Antônio, de que os calvinistas haviam profanado uma capela".

(Conde Afonso Celso, "Porque me ufano de meu país", Capítulo XXXIV)

CARDEAL DIZ SER BLASFÊMIA CULTO À SANTA MORTE NO MÉXICO




Um representante do Vaticano disse durante uma visita ao México que o culto à chamada Santa Morte – que aparentemente está se tornando mais popular no país - é uma "blasfêmia" e uma "degeneração da religião".


Culto à Santa Morte é registrado no México e nos Estados Unidos

(Do blog dos Fiéis Católicos da Arquidiocese de Ribeirão Preto)

Os devotos da Santa Morte rezam para a imagem de um esqueleto feminino vestido com uma túnica e com uma foice na mão. O culto, que se acredita que já exista desde os tempos coloniais, mistura crenças indígenas com a tradição de veneração aos santos, introduzida pelos missionários cristãos depois da conquista do México pela Espanha.



"A religião celebra a vida, mas aqui você tem a morte", afirmou o presidente do Conselho Pontifício para Cultura, cardeal Gianfranco Ravasi.

"Não é religião apenas porque está vestida de religião; é uma blasfêmia contra a religião."


Tráfico

Ravasi também se referiu ao fato de que o culto à Santa Morte é particularmente popular entre membros dos cartéis de traficantes de drogas e em regiões onde são registrados episódios de violência relacionados ao tráfico.

O cardeal afirmou que um país como o México, no qual se estima que 70 mil pessoas tenham sido mortas em crimes relacionados ao tráfico de drogas nos últimos seis anos, precisa enviar uma mensagem clara para os jovens.

"A máfia, o tráfico de drogas e o crime organizado não têm um aspecto religioso e não têm nada a ver com religião, mesmo que eles usem a imagem da Santa Morte", afirmou, acusando "criminosos" de estimular a adoração.

Geralmente o culto ocorre em altares feitos nas casas dos devotos onde eles colocam oferendas como velas, frutas e tequila para conseguir uma graça da Santa Morte.
Não existem estimativas confiáveis que mostrem quantos são os devotos da Santa Morte, mas estudiosos afirmam que o número de templos dedicados à ela aumentou no México e nos Estados Unidos, onde o culto é popular entre os imigrantes mexicanos.

Em 2012, a polícia do norte do México prendeu oito pessoas por envolvimento com a morte de dois meninos e uma mulher em sacrifícios. Segundo a promotoria, estes sacrifícios estavam ligados ao culto da Santa Morte.

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Nota de Mundividência:
ao contrário do que muitos imaginam, a religiosidade pagã e a superstição, bem como a liberdade religiosa na qual ambas prosperam, são venenos perniciosíssimos contra o bom andamento da ordem social. Devem, portanto, ser rechaçadas com veemência pelos católicos, em especial pelas autoridades filhas da Santa Igreja.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Gabriel García Moreno, Herói da Cristandade e da Pátria Equatoriana


Mundividência compartilha uma série de textos da Congregação Mariana Tradicional acerca de Gabriel García Moreno, distinto varão da Santa Igreja e singular homem público católico, presidente do Equador por mais de um mandato, vítima das conspirações maçônicas que varreram o mundo no século XIX no afã de destruir os (poucos) Estados católicos que não haviam soçobrado ou capitulado ante os malignos ideais da Revolução Francesa.
 






GABRIEL GARCÍA MORENO – I

   
SUA INFÂNCIA – PRIMEIROS ESTUDOS
(1.821 - 1.845)

          Nasceu Gabriel Garcia Moreno em 24 de dezembro de 1.821, em Guayaquil, principal porto da República do Equador. Deu-lhe a providência pais católicos fervorosos, que o souberam educar nas grandes verdades do Cristianismo.

          “Coisa estranha,” como observou o Pe. Deschand, “aquele que havia de espantar o mundo por sua audácia, estava, na infância, muito longe do homem intrépido e incansável que seria mais tarde! Pelo contrário, era de compleição mui delicada e caráter em extremo pusilânime. Foi necessária uma implacável obstinação por parte do pai, para que o Gabrielzinho chegasse a não temer o mais leve rumor insólito dos formidáveis trovões da cordilheira dos Andes.”

          Muitas vezes, Dom Gabriel García Gomes, seu pai, trancava-o na varanda até que se acalmasse e vencesse o seu medo nervoso dos trovões. Outra vez, o fez ir sozinho acender uma vela junto a um defunto, antes de entrar no recinto fúnebre com o filho. A esta educação enérgica de caráter, García Moreno iria não só agradecer, como somar às regras dos retiros inacianos, para ele mesmo “AGERE CONTRA”, agir contra os seus maiores defeitos.

          Ainda menino, o acaso lhe tolheu o pai e a sua mãe, Dona Mercedes Moreno, ciente das necessidades espirituais do filho, entregou-o à Frei José Bittencourt, para que este o preparasse em seus estudos.

          Dez meses com o frade foram suficientes para fazê-lo entender bem o Latim e Frei Bittencourt logo encontrou meios de encaminhar o prodigioso aluno para ingressar na Universidade de Quito, e ali foi o jovem Gabriel reafirmar a sua Fé extraordinária de católico, e sua grande inteligência de estudante. Chegava todas as semanas à Comunhão, não temendo irritar as impiedade e indiferença reinantes no meio universitário.

          Resolveu por esta época ingressar no seminário, chegando a receber as Ordens Menores; mas a Providência destinava-o para “bispo do mundo exterior” e assim García Moreno deixou o seminário, ingressando na Advocacia.

          Estudava pelas noites adentro até ser abatido pela fadiga, quando, então, se deitava sobre tábuas nuas para que o sono não se prolongasse muito e não lhe tomasse o precioso tempo. Aos vinte anos de idade, já era célebre em Quito e tinha fama de sábio, a quem acorriam, e providenciavam-lhe a presença em todas as reuniões mundanas da capital.

          Percebendo que a vida era curta demais para se perder tempo em diversões inúteis, tomando exemplo da educação dada por seu pai, encerrou-se no seu quarto, sem hesitar raspou-se a cabeça e, vendo-se assim privado de sair à rua, disse aos seus livros: “Eis-me obrigado a vos ser fiel para mais de seis semanas.” Dedicou-se também a aprender a manejar armas de fogo e espada, e a ser perfeito cavaleiro, pois sabia que teria necessidade destas ciências.

          Certa vez, quando lia um livro de estudos, se abrigou do sol debaixo de uma rocha, sem perceber o quanto ela parecia se desprender do rochedo, quase que prestes a esmagar quem estivesse por debaixo. Isso notando, deu um salto para longe dela, mas notando que era só aparência, envergonhado pela reação instintiva, voltou para debaixo do rochedo ameaçador por, pelo menos, alguns dias, passando horas a ler debaixo do terrível penedo, até que passasse o susto e fosse vencido qualquer temor infantil. Aplicou não só a lembrança das lições de ferro de seu pai, como a regra de ouro de Santo Inácio: "AGERE CONTRA", conforme explicado.

          Essa vitória sobre o medo, fez dele um destemido explorador dos vulcões e cavernas vulcânicas do Equador, tornando-se excelente, e destemido observador. Tanto que as suas anotações de expedições vulcânicas eram recomendadas e traduzidas para diversas línguas por eminentes geólogos da época, como Alexandre Humboldt. Certa vez, quase perdeu a vida no Shangai, mais ativo vulcão do Equador, não fosse a insistência do índio que tinha por guia, que o convenceu a deixar a aventura bem a tempo de salvar-se de uma explosão de rochas derretidas que logo se deu.

SEU CASAMENTO – O PATRIOTA – VIAGEM À EUROPA
(1.845 – 1.851)

          Apenas saído da Universidade de Quito, iniciou a sua vida prática, com o firme propósito de nunca defender uma causa injusta. Casou-se em 1.845 com Dona Rosa Ascasubi. Sua têmpera de estadista e patriota não lhe permitiria o sossego e a comodidade do lar. O Equador se debatia sob o governo do General Flores e o povo equatoriano, levantando-se em peso, derrubou o ditador. Em seu lugar, no entanto, subiu uma convenção que não conseguiu achar um chefe digno do governo.

          Gabriel fundou, então, um jornal: “O Chicote” e com ele fustigou os caricatos dirigentes de sua terra. O governo e os funcionários, assim tratados por García Moreno, protestaram veementemente, acusando o seu pasquim com todas as sortes de títulos desonrosos. A resposta de Gabriel García Moreno veio terrível e dela, para não delongarmos, só extraímos a ironia final: “Deveis agradecer-nos por termos publicado a vossa história sem ter exigido salário.”

          Por questões econômicas, suspendeu as suas atividades jornalísticas, mas, assim que tomou conhecimento do retorno do General Flores ao governo, fundou outro jornal: “O Vingador” e nas suas colunas denunciou os propósitos do antigo ditador. No entanto, os membros do partido de Flores iniciaram uma desordem tão grande em Guayaquil, que a Convenção se viu obrigada a pedir auxílio ao seu crítico, o qual, acatando o pedido como ordem, pacificou Guayaquil.

            Voltou Gabriel à Quito e continuou a denunciar os desmandos, e imoralidades da camarilha que governava a sua terra, mas, desanimado pela indiferença dos equatorianos, resolveu-se retirar para a Europa. No Velho Mundo, ele passou todo o tempo em estudos sérios e de lá regressou com maior dose de conhecimento, e cada vez mais inabalável em suas convicções católicas.

A QUESTÃO DOS JESUÍTAS – REVOLUÇÃO URBINA
(1.851 – 1.853)

          O Congresso Equatoriano foi interpelado pelos liberais, mas, depois de grandes discussões, venceu a ala católica e os jesuítas receberam uma antiga igreja, e um hotel em Quito, onde puderam fundar um colégio. Essa vitória de Gabriel García Moreno, exasperou os liberais. O embaixador colombiano exigiu, em nome de seu país, que o Equador também expulsasse os jesuítas. No entanto, o Equador mandou tropas à fronteira, fazendo o embaixador colombiano se retirar de Quito. Gabriel García Moreno publicou, então, “A defesa dos Jesuítas”, que teve bastante repercussão.

          Urbina, radical liberal e ambicioso, organizou um atentado, e, depondo o presidente, arvorou-se como ditador do Equador. O regime novo era tão vergonhoso que a pena de García Moreno traçou a célebre “Ode à Fábio”, rito de revolta contra os atentados de Urbina.

GARCÍA MORENO NO EXÍLIO – VIAGEM A PARIS
(1.853 – 1.856)
  
           Urbina, temendo a popularidade de García, viu-se obrigado a esperar ocasião de vingança. Quando García Moreno fundou um novo jornal de oposição, “A Nação”, mandou-o prender. Gabriel García Moreno esperou, então, os oficiais que o prenderiam em praça pública e, preso diante do povo que já o admirava, foi exilado para a Colômbia.

          Fugindo da prisão colombiana, conseguiu voltar à Quito, mas, por ver-se impossibilitado de organizar um levante armado contra Urbina, recolheu-se no Peru. Pretendia voltar, quando recebeu a notícia de que o povo o elegera senador e, então, voltou à Quito para assumir o mandato. O ditador não lhe permitiu se assentar no Congresso e o mandou de volta, exilado, ao Peru. Dali, Gabriel escreveu o folheto “A Verdade Aos Meus Acusadores”, no qual fustigou e denunciou os desmandos de Urbina. Como se via impossibilitado de voltar à sua pátria, viajou novamente à Europa.

           Em Paris, houve um curioso caso: defendendo a Religião Verdadeira numa argumentação firme e concisa, um dos seus amigos interpelou: “Fala muito bem, meu caro amigo, mas parece-me que essa religião tão bela Vossa Senhoria descuida-se de praticar. Quanto tempo faz que não se confessa?” Gabriel, humildemente respondeu: “Respondeu-me com um argumento pessoal que pode valer hoje, mas que não valerá amanhã, eu lho prometo.” No outro dia, Gabriel García Moreno se confessou... e isto o fez voltar à vida piedosa de antigamente.

 VOLTA AO EQUADOR – SENADOR
  
          Gabriel voltou da Europa, sendo cumulado de honrarias. Foi nomeado prefeito de Quito e reitor da universidade desta, exercendo sabiamente este duplo encargo. A presidência nessa época era ocupada por Robles, uma marionete do partido de Urbina e Gabriel García Moreno, lançou-se novamente ao jornalismo com “A União Nacional”, criticando a tirania maçônica do governo. Seus esforços na imprensa valeram a maioria eleitoral da oposição. García Moreno, agora como senador, conseguiu a promulgação de uma lei, dissolvendo as lojas maçônicas e outras sociedades secretas inimigas da Igreja.

Entretanto, os seus sucessos parlamentares foram interrompidos por causa da guerra com o Peru.

GABRIEL GARCIA MORENO - II 



GUERRA COM O PERU – EXPULSÃO DE URBINA
(1.858 - 1.860)

         Já há muito que o Peru tinha contendas com o Equador por questões de limites de terra. O desmando de Robles em ceder parte dessas terras litigiosas aos norte-americanos e ingleses culminou na explosão da guerra.

          A referida Guerra, como ficou dito na postagem passada, interrompeu os sucessos parlamentares de García Moreno, justamente porque o Congresso concedeu poderes extraordinários ao Presidente Robles. Este, por sua vez, munido de tanto poder sobre as casas do Congresso, empossou Urbina como um auxiliar administrativo e militar. Urbina não se deixou esperar para abusar do novo cargo, ordenando a dissolução do Congresso e o fuzilamento dos opositores, entre eles, Gabriel García Moreno.

          Gabriel Garcia Moreno, era patriota, sem dúvida. Mas eis aí a linha tênue que o mundo contemporâneo não enxerga, que está entre o Nacionalismo e Patriotismo. O Nacionalismo é um vício causado pelo amor exagerado à pátria, enquanto o Patriotismo virtuoso é o amor moderado. E amando moderadamente e ordenadamente a sua pátria, reconhecia que o Peru tinha razão quanto às questões de suas cidades limítrofes, injustamente apropriada pelo seu Equador, e mais injustamente cedidas à terceiros. Isso, mais a condenação súbita ao fuzilamento, compeliram García Moreno a refugiar-se em Lima, capital do Peru.

          Assim que teve notícias de que o povo equatoriano finalmente se revoltara contra os desmandos de Urbina e Robles, voltou à sua terra, em uma viagem cheia de perigos, e sacrifícios. Através de florestas densas, desertos imensos e regiões desconhecidas, dirigiu-se à Quito. Perdeu o guia e o cavalo. Viu-se obrigado a achar o caminho sozinho e à pé, exposto a morrer durante a viagem ou a ser preso pelos inimigos, até que chegou ao termo desejado.

          Chegando a Tambuco, não descansou. Tomou ciência minuciosa sobre a situação e fundou um periódico: o “1º de Maio”. Trocando a pena pela espada, pôs-se à frente de cerca de oitocentos homens mal armados e foi ao encontro das tropas de Urbina, e Robles, muito mais numerosas do que as suas. Deu-se a Batalha de Tambuco. Por seis horas incessantes García Moreno sustentou o fogo contra as tropas urbinistas infrutiferamente. Ainda que derrotado na batalha, determinou-se a ir à capital. Quando chegou à Quito, o povo inteiro, satisfeito por vê-lo ainda vivo, fez-lhe estrondosa manifestação.

          Aliou-se ao General Guilhermo Franco em Guayaquil e com ele organizou um governo provisório para, finalmente, derrubar Urbina, e Robles. A luta foi rápida e Urbina, e Robles derrotados foram deportados. Guilhermo Franco, aliado de Gabriel García Moreno, proclamou-se, então, presidente do Equador e García Moreno, percebeu que tinha diante de si um continuador das políticas urbinistas.

          García Moreno, na qualidade de Chefe do Governo Provisório, foi à Guayaquil conferenciar com Franco. Mal tinha ele deixado Guayaquil, quando um bando de assassinos o perseguiu. Escapou-lhes, porém, e se refugiou em Riobamba, onde desejava descansar. Não chegara para ele a hora do descanso. Os antigos soldados de Urbina, estavam ali aquartelados, sob ordens de Franco. Assim que souberam da presença de García Moreno, invadiram os seus aposentos gritando ordens de renúncia ao cargo do Governo Provisório. “NUNCA!” respondeu García Moreno, sem se perturbar. A guarnição prendeu-o e o seu comandante lhes deu ordens de não o perder de vista. Os soldados, porém, se entregaram às dissipações da noite e dos desejos da carne, e foram pouco a pouco abandonando o posto. Ficou, no entanto, um sentinela fiel. García Moreno, dirigindo-se à este único guarda, lhe disse imperativamente:

          – A quem fizeste juramento de fidelidade?

          –  Ao Chefe do Estado. – respondeu o guarda trêmulo.

          –  Pois o chefe de Estado sou eu; teus oficiais são rebeldes e perjuros. Não tens tu vergonha de faltar à Deus e à Pátria? Segue-me!

          O soldado, persuadido de que estava a pecar, passou, então, a ajudar o Chefe de Estado. Preparou a fuga de Riobamba e foi com García Moreno convocar os aliados da vizinhança. Com catorze voluntários, voltou à Riobamba, onde acharam a guarnição traidora embriagada e prenderam dois dos principais bandidos. Formou com os seus catorze um conselho de guerra e os condenou ao fuzilamento por alta traição. Todos os revoltosos, espantados pela severidade do castigo, se sujeitaram a ele, reconhecendo a justiça da pena e se confessando antes de receber a pena capital.

          Restabelecida a ordem em Riobamba, Gabriel García Moreno continuou sua viagem à Quito.

TOMADA DE GUAYAQUIL – GARCÍA MORENO PRESIDENTE
(1860 - 1861)

                

Gabriel García Moreno e Antonio Flores Jijón formaram um exército para depor Guilhermo Franco. Escreveram com os seus soldados uma das mais heróicas páginas da história militar das Américas. Esse grande feito marcou a expulsão de Franco.


          O tesouro estava esgotado após tantas revoltas. García Moreno iniciou rápidas reformas políticas na qualidade de presidente interino da República. O Liberalismo dominante o impediu de fazer as câmaras elaborarem uma constituição católica, no entanto, conseguiu manter a Religião Católica como oficial do Estado e fazer aclamar Nossa Senhora das Mercês patrona do Equador. Terminados os trabalhos constitucionais, instituiu o sufrágio universal proporcional(assim, cada pai de família poderia ter direito a tantos votos quantos filhos menores de idade tivesse). García Moreno foi eleito Presidente da República pelo quatriênio que se seguiu.

PRIMEIRA PRESIDÊNCIA – CONCORDATA COM A SANTA SÉ – REFORMAS
        
 É interessante contar um episódio que se deu logo após esta primeira eleição. Dona Rosa Ascasubi Moreno, fez-lhe notar que convinha oferecer um banquete oficial aos ministros e ao corpo diplomático. García Moreno lhe respondeu que sua pouca fortuna lhe vedava tal despesa desnecessária. Dona Rosa foi ao seu gabinete e voltou com quinhentas piastras, que deu ao marido para que organizasse o banquete. García Moreno as aceitou enternecido e imediatamente saiu de casa. Mas, ao invés de encomendar o jantar, dirigiu-se ao hospital e entregou a soma inteira às necessidades mais urgentes dos enfermos, e deu-lhes um jantar em honra de sua eleição. Quando se encontrou novamente com sua esposa, disse-lhe: “Pensei que uma boa refeição mais bem faria aos doentes do hospital do que aos diplomatas.” Dona Rosa Ascasubi Moreno, que já conhecia bem a sua generosidade, sorriu e estimou-o mais ainda desde aquela hora.

          O país ainda se encontrava em desordens e Moreno iniciou uma série de úteis reformas. Reorganizou as repartições públicas, consertou as finanças, despediu os empregados públicos desleixados, apurou as responsabilidades dos antigos mandatários e procurou reformar o exército, dando-lhe diretrizes e moral cristãs. Até então, o exército, esquecido de sua alta missão de mantenedor da paz, se havia envolvido em política, exercendo um contínuo despotismo.

         Aceitando o poder, Gabriel García Moreno fez compromisso pessoal de acabar com a fanfarrice dos militares. “Um exército constituído como o nosso – dizia ele – é um cancro que rói toda a nação; ou reformá-lo-ei ou destruí-lo-ei.”

           Tendo sabido que o General Ayarza, chefe dos militares descontentes, urdiu uma conspiração contra o Governo, levou-o ao quartel para açoitá-lo diante de todos, como se fosse um simples soldado.

           – Fuzilai-me! - gritava Ayarza – Não se açoita um general!

           – Não se desperdiça pólvora para fuzilar um traidor! – redarguiu Garcia Moreno
           O castigo foi severo, mas o fim alcançou-se. O exército entendeu que a era dos seus desmandos tinha passado e, com efeito, tornou a entrar na ordem.

            Fez vir, então, para o Equador os religiosos jesuítas e de outras ordens, entregando-lhes a educação, e o ensino da juventude equatoriana. Construiu estradas e intensificou as comunicações no país. Finalmente concluiu com a Santa Sé uma concordata das mais notáveis, por ser a mais cristã de todas as concordatas.

CONCÍLIO DE QUITO – DERROTA DE TULCÁN – EXPEDIÇÃO DE ZAMBELLI
 (1.862 – 1.863)

          Com a tranquilidade da qual a Igreja gozava, os bispos equatorianos puderam convocar o Concílio de Quito, sob a proteção de García Moreno e o Clero do país pôde ser reformado. Criaram-se três novas dioceses e seminários em todas as existentes.
          O sossego e a paz foram, no entanto, perturbados por um incidente com as tropas colombianas. García combateu essas tropas, mas foi derrotado em Tulcán. Mas a sua conduta foi tão nobre, que o general colombiano chamou-o de vencedor e concluiu com ele um tratado.
           Urbina tentou voltar ao poder a todo o custo. Havia inúmeras revoltas em Guayaquil e o Congresso fez tudo o que pôde para impedir o presidente de agir livremente. Gabriel García Moreno chegou a pedir a demissão do cargo, mas o Congresso não o deixou.
          Seguiu-se ainda uma guerra com a Colômbia, mas o Equador saiu vitorioso, mas não sem ter de condenar ao fuzilamento o General Maldonado, que havia traído as armas do Equador.
          Ocorreu mais um incidente com Urbina. As tropas urbinistas apoderaram-se de um navio à vapor inglês, o Washington, devido a um suborno de mil piastras orquestrado entre Urbina e o comandante do navio. Apoderado do navio à vapor, conseguiu usurpar também o Guayas, único navio de guerra do Equador, à custa da vida dos oficiais e marinheiros. Senhores do Guayas, dirigiram-se ao Bernardino, outro navio comerciante. Com estas três presas, refugiaram-se na enseada de Zambelli, a sete léguas de Guayaquil, enquanto os impotentes canhões da cidade anunciaram a perigosa tentativa de Urbina para retomar o poder.
          Três dias após estes fatos, Gabriel García Moreno, que, então, estava retirado a três léguas da capital para restabelecer a saúde seriamente comprometida, ficou inteirado de tudo. Em um instante tomou uma resolução e assentou o seu plano de campanha. Voltou à capital e sem comunicar o motivo, senão ao vice-presidente, Carvajal, dirigiu-se logo à Guayaquil, percorrendo em três dias as oitenta léguas que separam Quito desta cidade.

          O povo em Guayaquil estava sumamente agitado e não imaginava como o presidente venceria esta empresa sem navios nem meios de os comprar. Sua curiosidade foi logo satisfeita. Tendo entrado um navio inglês, o Talca, no porto de Guayaquil, Gabriel García Moreno, rapidamente negociou com o comandante a sua aquisição pelo Governo do Equador. Estava armado o plano: armar o navio mercante e só com ele investir contra os três navios urbinistas. Conservadores e liberais mostraram-se zelosos em ajudar o presidente, os primeiros por patriotismo e os segundos por crer que o presidente não sairia com vida desta empresa temerária.

           Reunindo os seus soldados, Gabriel García Moreno dirigiu-lhes estas palavras: “Não quero senão homens que tenham no peito coração de bravo; passem os valentes para a minha direita e os covardes para a esquerda!” Todos se colocaram à direita. Satisfeito, Gabriel García Moreno escolheu duzentos e cinquenta dentre os oficiais, e ordenou-lhes que embarcassem. Repassando algumas palavras de confiança em Deus e de ardente patriotismo, exaltou a coragem da pequena, mas heróica tropa. Eletrizados por aquelas nobres palavras, os soldados deixaram o porto ao grito de “Viva García Moreno!”

           Tinha à sua disposição o Smyrk, um pequeno navio à vapor que servia de explorador. Este reconheceu e comunicou a posição exata dos inimigos. O momento decisivo tinha chegado. O Guayas disparou seus canhões contra o Talca. Por mais que os soldados temessem, Gabriel García Moreno ordenou que nenhum disparo inútil fosse dado. “Punhal à mão!” – gritou o presidente e o Talca à todo o vapor se arremeteu em direção ao Guayas, e, chegando a uma distância conveniente, descarregou a sua artilharia. Por causa dos disparos, uma larga brecha se abriu no navio e o Talca pôde penetrar-lhe, cortando-o ao meio. Os revoltosos pereceram quase todos por causa do choque e os demais no mar, tentando fugir ou em luta direta com os soldados de Gabriel García Moreno. Capturado o Bernardino quase sem resistência, faltava alcançar o Washington, que estava quase na praia. Urbina e Robles, que haviam banqueteado a noite inteira, de tão estupefatos pelo soçobrar do Guayas, fugiram com toda a tripulação do Washington, refugiando-se nas matas do litoral. Quando o presidente aproximou-se, encontrou o navio completamente abandonado. Urbina e Robles tiveram tanta pressa em fugir que deixaram os tesouros, e suas correspondências sumamente comprometedoras. Três dias depois não ficou um só urbinista no Equador. Refugiaram-se todos na fronteira com o Peru, decididos a não atentar contra o Governo tão cedo.

          Os quarenta e cinco prisioneiros foram julgados pelo Conselho de Guerra, à bordo do Talca. Dezessete foram perdoados pelo presidente, que entendeu o terem sido forçados à traição. Os demais foram condenados ao fuzilamento, enquanto a esquadrilha voltava à Guayaquil. Gabriel García Moreno, que levara sacerdotes para a empresa audaciosa, quis que eles tivessem a chance de ter os seus pecados perdoados pela justiça divina, já que a justiça humana lhes fora menos clemente, porque não tinha a eternidade para se exercer. E assim, antes destes traidores da pátria serem fuzilados, muitos puderam receber a absolvição das mãos de um padre e encomendar a alma à Deus. O Smyrk foi adiante levar as novas da derrota de Urbina e, quando o povo o avistou, lastimou, crendo que trazia as novas da derrota de Gabriel García Moreno. Quando o povo, no entanto, avistou o presidente, entrou em frenesi. A entrada de Gabriel García Moreno em Quito foi um verdadeiro triunfo. O povo inteiro o proclamou herói do Equador, o homem da Providência, o domador da Hidra Revolucionária. Uma só nuvem encobria o sol daquele dia solene em que o povo festejava a sua libertação: Gabriel García Moreno em breve entregaria as rédeas do governo à outrem com o fim de seu mandato. O governo de um bom rei acaba rápido, mas o governo de um bom presidente acaba mais rápido ainda.

GABRIEL GARCIA MORENO - III




CARRION ELEITO PRESIDENTE – NOVAS AGITAÇÕES POLÍTICAS – VIUVEZ E SEGUNDO CASAMENTO
 (1.864 - 1.868)

        Jerónimo Carrion foi eleito para suceder García Moreno e cercou-se de péssimos elementos que o aconselharam a enviar este grande estadista ao Chile como embaixador. García Moreno obedeceu e seguiu para a república do extremo sul.

           Chegando ao porto de Lima, Peru, foi ter conferência com o presidente daquela nação, antes de seguir viagem ao Chile. Mal havia ele subido no trem, foi agredido por um tal de Viteri, que disparou sobre ele dois tiros de revólver, com que foi levemente ferido na testa e na mão esquerda. Antes que tivesse partido o terceiro tiro, García Moreno tinha agarrado o braço do meliante e desviado a bala. Se bem que dispusesse da vida do seu inimigo, por magnanimidade, contentou-se em apenas evitar a própria morte. Que senso de inimigo ele tinha! Em Latim há duas palavras para designar "inimigo": HOSTESINIMICUS. A primeira significa o inimigo da pátria e a segunda o inimigo pessoal. A estes segundos, Cristo mandou-nos perdoar e amar (S. Lucas, VI, 35), como fez García Moreno. Mas aos primeiros, os inimigos da Igreja, da Religião e da pátria, devemos combater, como ele.

           No Chile prestou mais um grande serviço à pátria e, concluídos todos os trabalhos, voltou à Quito. A sua presença na capital foi o suficiente para impedir a continuação da campanha urbinista que estava a acontecer.

           A sua esposa, Rosa Ascasubi Moreno, não lhe havia dado filhos saudáveis. Duas meninas que lhe nasceram por volta de 1.848 e 1.850, faleceram pouco antes de completar um ano de idade e mais outras duas gestações, que resultaram em duas meninas natimortas, privaram o lar de Gabriel García Moreno da alegria das crianças. Mas ele sabia que em tudo isto ia os desígnios de Deus e sabia que era a vontade d’Ele que devia prover o lar de crianças ou privá-lo delas. Por fim, teve que sofrer a cruz da viuvez, quando em 1.865, a sua amada esposa, Dona Rosa, faleceu aos cinquenta e quatro anos de idade.

           A virgindade é muito estimada por Deus nos jovens e nas pessoas consagradas à Ele, como o é a castidade dos viúvos mais estimada do que o casamento. Mas São Paulo, mesmo enaltecendo por inspiração divina a virgindade e o celibato (I Cor., VII, 33), também disse que quem casa não peca (I Cor. VII, 28). E Gabriel García Moreno, encontrando na sobrinha da primeira esposa, Mariana del Alcazár y Ascasubi, a futura companheira ideal, casou-se com ela em abril de 1.866 . A providência deu à este casal três filhas, que não chegaram a atingir dois anos de idade, mas deu também à García Moreno, como recompensa pelos seus esforços, um menino, Gabriel María García del Alcazár, que viveu até 1.931, bem educado pelo exemplo do pai.
  
GOVERNO DE ESPINOSA – CATÁSTROFE DE IBARRA – PRESIDENTE INTERINO
 (1.867 - 1.869)

           Espinosa foi eleito presidente, sucedendo Carrion e com ele os liberais foram tendo decisiva influência no Governo. Desgostoso cquanto à isso, García Moreno retirou-se para a sua fazenda perto de Ibarra. Entretanto, nem assim conseguiu descansar.

           Na noite de 15 para 16 de agosto de 1.868, um terremoto violento abalou a cidade de Ibarra e toda a província deste nome. A cidade tornou-se um monte de ruínas e uma vasta necrópole. Metade da população havia sucumbido e a outra metade, viúva ou órfã, estava no meio dos cadáveres, e ruínas, sem pão, nem abrigo ou esperança. Para cumular tantas misérias, bandos de infames saqueadores, espalharam-se como aves de rapina sobre carcaças, para roubar o pouco que este povo miserável possuía e os índios da província vizinha baixaram das montanhas, ávidos de sangue hispânico, matando os ibarrenos que encontrassem.

           O Governo teve a feliz inspiração de recorrer à Gabriel García Moreno como o único capaz de reparar em pouco tempo tão cruel desastre. Foi nomeado chefe civil e militar da província de Ibarra, com aplausos de toda a nação e vitupério dos liberais, que exprobraram a escolha de Espinosa.

           Gabriel García Moreno não hesitou em sacrificar a tranquilidade de que gozava na sua fazenda. Viajou às ruínas de Ibarra com os soldados encarregados de perseguir os salteadores e índios, enterrar os mortos, e salvar os ibarrenos ainda vivos. Mandou castigar severamente os delinquentes, afim de lembrar ao povo os sentimentos de justiça e respeito à autoridade. Mas foi para com os comerciantes, que vergonhosamente especulavam com a miséria dos habitantes, que ele se mostrou mais inexorável e em breve tempo restabeleceu a segurança, e a ordem pública nas cidade e província de Ibarra. Para reconstruir a cidade foi mais difícil, como dispunha de poucos recursos públicos para alimentar os sobreviventes famintos, mandou vir comboios de sua própria fazenda e coordenou toda a sorte de grupos voluntários. O povo o aclamava como salvador, o que inspirou cada vez mais a fúria e o ódio satânico dos liberais de Guayaquil, e Quito, que organizaram, frustradamente, uma campanha contra García Moreno, difamando-o nos jornais e fazendo pequenas rebeliões para atrapalhar o trabalho de auxílio aos ibarrenos. O próprio povo de Ibarra retrucava-os em outros periódicos: “... nós lhe seremos devedores da nossa ressurreição social e política ...”

           Dois meses apenas depois do desastre, García Moreno deixou Ibarra em estado muito adiantado de reorganização e foi dar conta da sua missão ao presidente, que lhe deu em nome de todo o Equador os maiores agradecimentos. Enquanto isso, os urbinistas se preparavam para as eleições, indicando Aguirre para a presidência. Vendo em perigo a sua pátria e o Catolicismo, Gabriel García Moreno aceitou a sua indicação. Os liberais vendo que seriam derrotados pela popularidade de García Moreno, tomaram o poder à força, mas ele levantou as guarnições militares e ficou à testa do Governo como presidente interino. Logo restabelecida a ordem, pediu demissão do cargo à Convenção, que a rejeitou. Mas ele permaneceu firme e conseguiu com que a Convenção elegesse o irmão de sua primeira esposa, Manuel Ascasubi, como presidente interino. Este, por sua vez, o fez desde então assumir o Ministério da Fazenda e o das Forças Armadas.

           Como membro da Convenção, fez encher o Plenário com a sua palavra forte e sadia, fazendo com que o Equador viesse a ter, finalmente, uma constituição católica. A sua coragem foi mais longe quando conseguiu fazer aprovar o dispositivo seguinte: “Todos os indivíduos que pertencem à uma sociedade condenada pela Igreja, perdem, por isso mesmo, todos os direitos de cidadão.” Acusado de tirano por aprovar este dispositivo da constituição, respondeu com a sua frase lapidar: “Liberdade para todos e para tudo, exceto para o mal, e para os malfeitores.”

 PRESIDENTE DA REPÚBLICA PELA SEGUNDA VEZ – INVASÃO DE ROMA – RETRATOS DE SUA PIEDADE
 (1.869 - 1.875)



           A Convenção elegeu-o presidente da República, ao que ele acedeu resignadamente. Foi o primeiro a fazer o novo juramento: “Juro por Deus Nosso Senhor e estes Santos Evangelhos cumprir fielmente o meu cargo de Presidente da República, e professar a Religião Católica Apostólica e Romana!”

           Novas revoluções vieram abalar o seu governo e uma conspiração foi descoberta antes que o ferro assassino pudesse ferir o grande estadista. Serenados os ânimos, iniciou uma série de reformas. Consolidou as finanças e enriqueceu a sua pátria com grandes obras de engenharia. Reorganizou o exército, dando-lhe diretrizes católicas.

           A guarnição de Quito mudou de face de uma tal forma que os seus soldados tornaram-se modelo de exatidão no cumprimento dos deveres e de piedade cristã. Certa vez um tenente encontrou um maço de notas avultadas e, sem pestanejar, entregou-as ao presidente, o qual mandou procurar o dono, e lhas entregou. O dono do dinheiro ficou tão grato pela honradez do tenente que o quis recompensar com alguma soma das notas e, por causa da honra, o tenente recusou. Gabriel García Moreno, não hesitou em tornar aquele homem honrado capitão do exército. Todos temiam a sua energia e fibra para punir o menor crime com severidade, mas ao mesmo tempo amavam-no pela sua dedicação, e espírito de justiça.

           Reorganizou as instruções primária, secundária e superior nas bases do Cristianismo. De 1.869 a 1.875 estendeu a sua ação, insistindo e trabalhando com os bispos para a reforma do Clero. Transformou as prisões e hospitais em verdadeiras missões à disposição dos padres dispostos a trabalhar com as almas empedernidas pela doença ou pelo crime.

           Nunca se esquecia das obras de Caridade, visitando hospitais e certificando-se de que as pensões do Governo estavam a ser recebidas, e bem usadas e, quando via que eram insuficientes, completava a soma com o dinheiro do próprio bolso, como ficou evidente no episódio do jantar da primeira presidência.

           Mostrava-se sem piedade para com todos que abusavam do poder para tiranizar ou simplesmente enriquecer às custas dos pobres e fracos. Estes, por sua vez, tão bem o sabiam que preferiam recorrer ao presidente antes que aos tribunais. Em qualquer parte em que andasse, cercavam-no multidões de pobres e perseguidos a pedir justiça. Então, como São Luiz, Rei da França debaixo do carvalho de Vincennes, escutava-os com bondade e, achando que tinham razão, condenava o opressor. Certa vez ordenou que um soldado desse dez mil piastras à uma mulher que as reclamava de um rico proprietário que lhas extorquira. O soldado pagando, perguntou como reaveria esta soma aos cofres públicos. Gabriel García Moreno indicou o nome do proprietário como devedor destas dez mil piastras.

           As tropas piemontesas invadiram a cidade de Roma a 20 de Setembro de 1.870, violando os direitos da Igreja. O glorioso Pontífice, então reinante, Pio IX, conservou-se firme diante dos atentados contra a sua soberania e excomungou os invasores. Enviou à todos os governos do mundo o seu protesto contra o desrespeito contra os direitos da Igreja. Nenhum governo teve coragem de protestar em nome da justiça contra o atentado de Roma. Entretanto, do pequenino Equador fez-se ouvir a voz de um homem, Gabriel García Moreno, único chefe de governo no mundo que teve coragem de protestar contra a invasão, se impondo à admiração dos católicos de todo o orbe pela coragem e amor à Igreja.

           Perguntaram-lhe um dia porque não levantava um teatro em Quito. Respondeu com vivacidade: “Levantem-no os ricos, os nobres, não me oponho; mas a Nação é pobre e faltaria à minha consciência se me atrevesse a desviar os escassos fundos públicos, privando a todo o povo do honesto, necessário, e útil para empregá-lo no acessório e deleitável. O povo trabalhador não quer, nem pede teatros; o que ele quer, e com razão, é não despenhar-se nos abismos com os seus animais de carga no trajeto entre Quito e Guayaquil.”

           Entre todas as virtudes que nele brilharam, aquela que mais naturalmente caracterizou-o foi a fortaleza de ânimo, como depreendemos de sua vida inteira. Contudo, não era por temperamento que ele se mostrava tão forte contra os revolucionários, contra os maus e contra si mesmo, era para obedecer à voz imperiosa de sua consciência reta, e esclarecida. Era por amor ao dever, o que os seus pais lhe ensinaram desde a meninice. Era porque a sua fortaleza estava acompanhada de prudência cristã, a qual ensinava a fazer em tudo passar os direitos de Deus e da Igreja antes dos direitos dos homens.

           Expulsou os maus do Governo, não para reinar em lugar deles, mas para restabelecer a ordem, salvar a pátria e fazer imperar Deus no Equador. Suportava todas as calúnias e afrontas, quando dirigidas contra ele. Escreveu certa vez à um religioso: “Pedi à Deus que me dê bastante força, não só para que faça bem àqueles que por palavras e escritos derramam contra mim as torrentes de ódio, mas ainda para que me alegre diante de Deus por ter que sofrer alguma coisa em união com Nosso Senhor. É para mim uma felicidade e uma honra imerecida ter que suportar os insultos da revolução, em companhia das ordens religiosas, dos bispos e do próprio Sumo Pontífice.”

            O povo, por sua vez, o admirava profundamente. Diziam uns bons lavradores, junto dos quais ia ele às vezes descansar: “Quando o presidente vinha viver conosco, como um particular, certo é que nos corrigia e castigava, mas era um santo: pagava-nos bem, nos premiava, rezava conosco o Rosário, explicava-nos o Evangelho, nos fazia ouvir a Missa e nos preparava para a Confissão, e Comunhão. Então, havia paz e abundância nestes campos, porque só a presença do presidente desterrava os vícios.”

           Fossem quais fossem as suas ocupações, fazia todos os dias trinta minutos de meditação com os seus livros favoritos, o Evangelho e a Imitação de Cristo. Nunca deixou de fazer os exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola. Concebeu assim essa tão grande idéia da majestade de Deus e repetia sempre que estava atribulado: “Deus não morre!” A Deus sempre atribuía todos os bens que fazia. Certa vez no Congresso, depois de dar contas dos progressos realizados, disse: “Se falo destes felizes resultados, não é para glória minha, mas para a glória d'Aquele à Quem tudo devemos e à Quem adoramos como nosso Redentor, nosso Pai, nosso Salvador e nosso Deus.” Tinha grande respeito pelos sacerdotes. Certa vez um capuchinho apresentou-se à ele com o solidéu na mão: “Cobrí-vos, padre!” – disse o presidente, tirando o chapéu. “Um pobre religioso, redarguiu o padre, não pode estar de cabeça coberta diante do presidente da República!” Ao que García Moreno respondeu: “Não, padre, o chefe do Equador nada é na presença de um sacerdote do Altíssimo!” E ele mesmo colocou o solidéu sobre a cabeça do frade.

           Para darmos ideia adequada da firmeza da sua Fé, nada podemos dar mais probante do que as resoluções que ele escreveu na última página de sua Imitação de Cristo:

           “Todas as manhãs farei a oração e pedirei particularmente a virtude da humildade.
Todos os dias assistirei a Missa, rezarei o Rosário, lerei um capítulo da Imitação e este regulamento. Cuidarei em me conservar o mais possível na presença de Deus, sóbrio das conversas, a fim de não dizer palavra alguma demais! Oferecerei muitas vezes o meu coração à Deus, principalmente no começo das minhas ações. Direi cada vez que soar a hora: "Sou pior do que um demônio e o Inferno devia ser a minha morada!" Estando no meu aposento, nunca rezarei sentado, podendo fazê-lo em pé. Fazer atos de humildade, beijar a terra, desejar toda a sorte de humilhações, alegrar-me, quando censurarem a minha pessoa ou os meus atos. Nunca falar de mim, a não ser para confessar os meus defeitos e faltas. Todas as manhãs porei por escrito aquilo que tiver de fazer no dia. Observarei escrupulosamente as leis em todos os meus atos. Confessar-me-ei todas as semanas. Não passarei mais de uma hora a jogar e nunca antes das oito horas da noite.”

            Gabriel García Moreno sempre seguia à risca esse regulamento. Acolitava à Missa, preparando ele mesmo os paramentos para o uso do padre. Rezava o Rosário com a família e os empregados, e hóspedes de sua casa. Ensinava o Catecismo aos criados. Nunca faltava aos Ofícios de domingo. Visitava frequentemente o Santíssimo Sacramento. Comungava todos os domingos e, às vezes, durante a semana. Quando levavam o Santíssimo à algum doente, ele apressava-se a levar uma vela acessa para acompanhar o seu Senhor, entre a multidão em procissão, como mais um popular.

          Depositava suma confiança em Nossa Senhora, como denota a proclamação da Virgem das Mercês como patrona do Equador, após a sua vitória em Guayaquil. Trazia sempre o escapulário e o terço, que rezava todos os dias. Quis entrar também na CONGREGAÇÂO MARIANA, havendo, porém, em Quito duas, uma para pessoas de distinção e certa riqueza, e outra para operários, entrou na segunda, afirmando: “O meu lugar é no meio do meu povo!”

           De sua devoção para com SÃO JOSÉ deu prova inscrevendo a sua festa nos dias feriados da nação. Mas mais notável foi a sua devoção para com o SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS e bem o provou pela Consagração da República à Ele.

           Essa consagração lhe valeu a coroa do martírio!

GABRIEL GARCIA MORENO - IV
CONSAGRAÇÃO DA REPÚBLICA AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
  
Quadro do Sagrado Coração, com o qual Dom José Inácio C. y Barba e Gabriel García Moreno fizeram a consagração do Equador


          Em 1.874 o Concílio Nacional de Quito lavrou um decreto que mandava consagrar o Equador ao Sagrado Coração de Jesus, por direta inspiração de García Moreno. Este, por sua vez, apresentou ao Congresso Nacional uma moção, pedindo que o Estado se unisse à Igreja nesse ato solene. Esta moção foi votada por unanimidade, tal era o espírito dos senadores e deputados durante o seu governo. Assim, marcou-se a data da Consagração Oficial da República ao Sagrado Coração de Jesus. Na festa do Sagrado Coração de Jesus, em julho de 1.874, a cerimônia teve lugar em todas as igrejas da República. Em Quito a cerimônia foi imponente. O arcebispo, Dom José Inácio Checa y Barba, grande amigo do presidente, pronunciou a fórmula de consagração diante do quadro do Sagrado Coração em nome da Igreja Católica e da Hierarquia Eclesiástica do Equador. Em seguida, Gabriel García Moreno, cercado de todas as autoridades do Governo Equatoriano a pronunciou em nome da Nação. Tal foi o entusiasmo produzido por esta grande manifestação de Fé dos equatorianos, que diversos membros do Congresso pensaram em erigir uma igreja ao Sagrado Coração, sendo, porém, este projeto adiado por razões econômicas até a presidência de Luís Cordero, em 1.884.

           Sem dúvida muitos viram naquele momento o cumprir da profecia de Nossa Senhora do Bom Sucesso à Irmã Mariana de Jesus em 1.594: “No século XIX haverá um presidente verdadeiramente cristão, varão de caráter(...). Ele consagrará a República ao Divino Coração de meu Filho Santíssimo e esta consagração sustentará a Religião Católica nos anos posteriores, os quais serão aziagos para a Igreja.”

           A Consagração do Equador ao Sagrado Coração de Jesus, somada à proibição das sociedades secretas, ocorrido com a nova constituição, valeu à García Moreno e ao seu amigo, o arcebispo de Quito, a condenação ao punhal traiçoeiro da Maçonaria, e consagração de ambos como apóstolos de um ideal. A própria profecia de Nossa Senhora do Bom Sucesso já rezava que este presidente verdadeiramente cristão que haveria no século XIX, seria alguém “(...) a quem Deus Nosso Senhor dará a palma do martírio na praça onde está este meu convento. (...)” Era evidente que a Virgem Santíssima falava de Gabriel García Moreno e que ele, juntamente com Dom José Inácio, seriam vítimas da Maçonaria.
  
TERCEIRA ELEIÇÃO COMO PRESIDENTE - MARTÍRIO


          Em 1.873 o Equador gozava de uma paz tão grande que Gabriel García Moreno, em um gesto de magnanimidade, concedeu anistia a todos os exilados políticos. Não é difícil de imaginar, que alguns, senão muitos destes, ao invés de ter gratidão para com o presidente, preferiram confabular contra ele juntamente da Maçonaria. Esse ódio só cresceu após a Consagração da Pátria ao Coração Divino e García Moreno foi jurado de morte pelas lojas maçônicas.

           Em maio de 1.875, Gabriel García Moreno foi eleito presidente da República pela terceira vez. Os exilados anistiados, juntaram-se formalmente com a Maçonaria e começaram a vomitar toda a sorte de ataque contra o presidente da nação. Os ataques foram mais ferozes do que nunca.

           Sabendo de todos os perigos que corria, García Moreno aceitou a eleição e, antes de assumir mais um mandato, pediu auxílio espiritual e conforto ao Vigário de Cristo, Pio IX: “Eu desejo receber vossa benção antes daquele dia, para que tenha a força e a luz de que tanto preciso para conseguir até o fim ser um fiel filho de Nosso Redentor e um leal, e obediente servo de Seu Infalível Vigário. Agora que as lojas maçônicas dos países vizinhos, instigadas pelos alemães, estão a vomitar contra mim toda a sorte de insultos atrozes e horríveis calúnias, agora que as lojas maçônicas estão secretamente a planejar o meu assassinato, eu tenho mais do que nunca a necessidade da proteção divina para que possa viver, e morrer em defesa de nossa Santa Religião e da amada República que uma vez mais sou chamado a governar.”

           Os amigos do presidente tentaram-no convencer a se precaver por causa das conspirações urdidas pelos inimigos da Igreja e da Pátria, mas ele simplesmente respondeu-lhes que só temia a Deus, e só a Deus.

           Em 2 agosto de 1.875, avisaram-lhe que Faustino Rayo estava entre os conjurados que maquinavam o seu assassinato. Gabriel García Moreno afirmou que Rayo estava acima de qualquer suspeita, porque era católico. O santo presidente ignorava que as más companhias podem fazer de um homem honrado e católico um malfeitor, e assassino e assim sucedeu. Faustino Rayo era colombiano naturalizado equatoriano, a quem García Moreno havia perdoado naquele incidente das tropas de Riobamba com o Comandante Cavero, fazendo dele chefe militar e ordenando-lhe muitos assuntos de suma importância. Tal era a confiança que García Moreno tinha em Rayo, que várias vezes faziam rondas noturnas durante o tempo em que García Moreno chefiava exércitos para lutar contra Urbina e Robles. No entanto, desprezando a amizade do presidente, Rayo aceitou uma pequena soma de dinheiro dada pela Maçonaria em troca da vida do amigo.

           No dia da Transfiguração, 6 de Agosto do ano de 1.875, Gabriel García Moreno assistiu à Santa Missa e comungou. Não sabia, não o podia saber, mas era a última vez que assistia à Santa Missa e comungava. Em breve, veria a Deus e não teria mais necessidade dos Sacramentos.

           Fora da Igreja, Faustino Rayo o esperava junto com outros conjurados. Mas a grande multidão que estava fora da Catedral impediu-os de perpetrar o plano diabólico.

           Uma hora da tarde, Gabriel García Moreno desceu do Palácio do Governo para visitar o Santíssimo Sacramento na catedral, conforme era o seu costume. Em breve, moraria na casa do Senhor a quem visitava todas as tardes. Fora da catedral, os conjurados ficaram impacientes pela demora. Faustino, então, entrou e chamou o presidente sob o pretexto de ter assuntos urgentes no palácio.

           Subindo as escadarias do palácio, recebeu de Rayo um golpe de facão no ombro. Gabriel García Moreno tentou alcançar o revólver para se defender, mas foi atingido na cabeça e logo chegaram os outros sicários que atiraram nele. Gravemente ferido, o presidente tentou-se dirigir para o lugar de onde partiam os tiros, mas Rayo o perseguiu e deu-lhe novo golpe no braço direito. Novos tiros dos conjurados e o santo presidente tombou desde o peristilo do palácio, a uma altura de cerca de quatro a cinco metros. Faustino Rayo, possuído de uma ferocidade sem par, desceu as escadas e desferiu os mais tremendos golpes no já moribundo presidente da Nação.

           – Morre, algoz da liberdade! – gritou o traidor.

           – DEUS NÃO MORRE! – exclamou o mártir num supremo esforço.

          Os soldados do palácio acorreram e Rayo foi morto ali mesmo, enquanto o presidente foi transportado à catedral, e foram perseguidos os conjurados.

           O pároco deu-lhe a Absolvição Sacramental e persuadiu-lhe de que perdoe os seus assassinos. “Já o fiz, padre!” Disse o grande estadista e entregou a sua alma à Deus.

           O seu corpo havia recebido catorze golpes de facão e seis projéteis de revólver. O enterro assumiu proporções grandiosas. A mensagem que leria no Congresso naquele dia foi lida pelo Ministro do Interior, ouvida por todos com recolhimento.

           Quando celebrava os ofícios de Sexta-Feira Santa de 1.877, ao beber do Cálice de vinho para a purificação, Dom José Inácio Checa y Barba, Arcebispo de Quito, grande amigo de Gabriel García Moreno, exclamou: “Meus filhos, fui envenenado!” Recebeu a Absolvição Sacramental de um sacerdote e expirou. Haviam posto estricnina no seu cálice.

HOMENAGENS PÓSTUMAS
          O Congresso aclamando-o como “regenerador da Pátria, mártir da civilização católica”, mandou gravar isto em seu túmulo e erigiu uma estátua dedicada à ele com a seguinte inscrição: ”À García Moreno, o mais nobre dos filhos do Equador, morto pela causa da Religião e da Pátria, a República reconhecida.” Também o Santo Padre Pio IX fez erigir no Colégio Pio-Latino uma estátua ao herói, onde se vê gravado: ”Ao guarda fiel da Religião, ao zeloso promotor dos estudos, ao dedicadíssimo servo da Santa Sé, ao justiceiro vingador do crime.” Leão XIII confirmou os elogios e foi presenteado pela viúva, Dona Mariana Del Alcazar y Ascasubi Moreno, com um quadro em tamanho natural de Gabriel García Moreno, segurando a constituição da Pátria.

         Em idos de 1.980, ao exumarem o corpo do grande estadista, encontraram somente e só os seus ossos como era de esperar-se. Contudo, um volume esbranquiçado aparentemente de músculos chamou a atenção entre as costelas do cadáver. Era o coração do presidente. Ele que tanto amou o Sagrado Coração de Jesus! Ele que via o Coração vivo e palpitante na Hóstia Santa que recebia a cada Comunhão! Ele que visitava Jesus Sacramentado todas as tardes! Ele que conservou a chama da Fé acesa nos corações dos equatorianos, consagrando a República ao Sagrado Coração de Jesus, teve o seu próprio coração conservado incorrupto durante mais de um século.

           Ao ver este milagre, os responsáveis pela exumação, talvez por curiosidade, exumaram também o corpo do arcebispo de Quito e viram que estes dois corações que uniram-se para consagrar o Equador ao único Coração adorável também estavam unidos na incorrupção.

           Por certo tempo, exibiram o coração de Dom José Inácio na mesma capela onde está exposto o quadro do Sagrado Coração de que se serviram ele e o presidente santo para consagrar a pátria. Mas, agora, até o coração do bispo está unido ao degredo de um vidro de formol, ao lado do coração de Garcia Moreno, proibidos de serem expostos pela hierarquia eclesiástica.

           Também o Papa Paulo VI, quiçá por não suportar os ideais anti-liberais do santo, devolveu o quadro doado pela viúva à Leão XIII à igrejinha onde estão os restos mortais de Gabriel García Moreno.

           Ele foi cortado do mundo dos vivos pelo punhal traidor da Maçonaria, que muitos querem fazer-nos crer como associação idônea, mas o seu exemplo fica bem patente aos olhos da humanidade como que pedindo aos católicos que sigam a mesma senda de virtude, honra, saber, nobreza, patriotismo e Fé religiosa, do MAIOR ESTADISTA DO SÉCULO XIX!

 FIM