Peter Brabeck-Letmathe, atual presidente do conglomerado Nestlé: ele quer privatizar a água |
O acesso seguro, confiável e constante à água potável é de importância fundamental não só para a sobrevivência e desenvolvimento das coletividades humanas em si, mas para cada único indivíduo em particular. Assim sendo, o acesso estável à água potável é dessemelhante ao acesso direto à terra, o qual pode estar restrito à maioria sem que isso implique em escassez socialmente generalizada de gêneros alimentícios, como o provam as safras sempre crescentes e a produtividade ascendente dos rebanhos animais, para não mencionar a vertiginosa redução das doenças relacionadas à desnutrição e à subnutrição. Dito isso, é preciso que haja da parte das autoridades e das classes dirigentes uma sincera preocupação, calcada no respeito ao Princípio da Subsidiariedade, em diligentemente massificar o acesso a esse bem precioso entre aqueles que não contam com ele. Afinal, dar de beber a quem tem sede é uma das obras de misericórdia corporal propugnadas pela Santa Igreja.
O liberal, dogmatizador por excelência da oscilação dos
juízos morais humanos em detrimento da estabilidade das certezas éticas perenes
que a Igreja comunica aos homens da parte do Espírito Santo de Deus, e ávido da
prosperidade a qual ele reputa ser a raison de vivre da ordem
civil, ignora toda a lei que não seja a lei positiva no que respeita ao acesso
à água, e espera condicionar tal legislação aos ditames da lei da oferta e da
procura, de modo que a água potável seja comercializada na mesma base vigente
para recursos como a paçoca e a bolinha de gude. Um emblema dessa mentalidade
uniforme e invariavelmente financista típica dos liberais contemporâneos é o
sr. Peter Brabeck-Letmathe, atual presidente do conglomerado Nestlé. Para
conter uma possível futura crise planetária de desabastecimento hídrico, o CEO
propõe que seja estabelecida uma cota diária de gratuidade da água para cada
pessoa do mundo (cerca de 30l), teto cujo rompimento implicaria em cobranças
adicionais que não apenas daquelas taxas necessárias para o transporte e
tratamento da água: todo consumo diário superior ao patamar dos 30l seria
precificado em si mesmo, à parte dos encargos habituais de armazenamento e
acessibilidade. Em suma, a privatização mundial dos recursos hídricos.
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