sábado, 27 de abril de 2013

Portugal e Espanha





(Do blog Reconquista)

"Se a civilização é essencialmente o Cristianismo, ninguém a dilatou e serviu como os povos naturais da antiga Hispânia. É o traço dominante da sua alma, - o selo que lhes imprime grandeza e individualidade Por esse prisma o gênio peninsular é universal como nenhum outro. A vocação apostólica constitui a sua determinante mais poderosa. E, pelo nosso amor ao Absoluto, é fácil de se abranger a razão por que o Cristianismo na Península se revela e radica, não só como confissão religiosa, mas, sobretudo, como uma íntima e veemente afirmação social. Compreende-se já porque portugueses e castelhanos foram no mundo missionários e descobridores e como apenas eles se glorificam com o raro título de fundadores de nacionalidades! Ninguém ignora a lenda-negra que infama a Península como inútil para as conquistas superiores da humanidade. É uma calúnia do século XVIII, principalmente, - da estreita e sectária mentalidade dos Enciclopedistas, que não podendo separar o Catolicismo da vida da Península, a denegriram por sistema, cobrindo-a de diatribes e de aleives sem conto. No entanto, metade do mundo devia às Espanhas a sua entrada na civilização, - e a paz da Europa, perturbada, dum lado, pela ameaça crescente do Turco e, pelo outro, pelo alastramento da heresia protestante, salvou-se duma catástrofe mortal, por virtude ainda do esforço heróico dos reis e soldados peninsulares".

Antonio Sardinha (O Gênio Peninsular, 1920)

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